sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O uso de tecnologia na Educação

Atualmente, a sociedade tem passado por diversar transformações que se refletem na educação e na forma de pensarmos em educação, pois as TIC's estão cada vez mais rápidas e presentes no cotidiano de todos nós. Entretanto, os modelos tradicionais de sala de aula, de docência e de aprendizagem permancem (quase) inalterados: por exemplo, ainda se tem a noção de que quem sabe Português é a pessoa que classifica corretamente as orações subordinadas, ou que saber isso é garantia de que a pessoa sabe português. Ora bolas, quem disse que isso é garantia de algo!!!!! A pessoa pode muito bem ser ótima em colocação pronominal, ou pontuação de advérbios, e não saber se fazer entender num discurso oral ou numa dissertação, ou pode ser daquelas que rebuscam, enfeitam e ajeitam tanto o texto que a gente chega ao final sem nem saber muito bem sobre o que leu mesmo, só sabemos que está "bonito"...
Por isso, acredito que as novas TIC's só serão efetivamente utilizadas num propósito educacional amplo quando, nós, professores, também ampliarmos a nossa percepão de educação como um todo, como o entendimento do todo, como a formação de um cidadão que não saiba identificar o agente da passiva, porém saiba utilizar esta mesma voz passiva de forma a modificar o seu mundo, exprimir as suas ideias e garantir a sua voz.
Além disso, quando falamos em TIC's estamos falando também em cultura e modificação cultural, porém esta autonomia (tão necessária para o uso efetivo de ferramentas digitais, virtuais e visuais) não é nem de longe apresentada e discutida nas escolas. Tudo bem, eu sei que os alunos tem que aprender nas escolas as regras de convivência e a educação no sentido mais latu sensu da palavra; entretanto como aprender autonomia se tudo vem pronto e deve ser aprenas digerido??

sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre EAD

Devido às contínuas inovações tecnológicas “A cada minuto, o mundo está menor." (LEHANE, 2005) e “Essa nova representação do mundo elimina as divisões entre o que é local, nacional e internacional”. (CORRÊA, 2007). Ocasionando uma “(...) nova revolução [que] acena para a formação de um novo cidadão, que passa a ser cidadão do mundo. Onde a cultura é internacionalizada, o homem passa a ser nacional e internacional simultaneamente.” (CORRÊA, 2007). Neste contexto global existe a necessidade de que, nós, educadores tomemos parte:

[D]A elaboração de um discurso mais planetário, que seja ao mesmo tempo local e nacional, impõe que nos apropriemos das novas tecnologias da informação e da comunicação. E isso não significa ter apenas condição de acesso, como também o poder de produzir, selecionar e distribuir informações. (CORRÊA, 2007)

E é a partir deste novo cidadão local/regional, nacional/internacional vivendo em um mundo globalizado cujo entendimento, segundo SANTOS (apud CORRÊA 2007), somente poderá ser feito como um todo em que cada coisa deve ser compreendia a partir do mundo, que as práticas em EAD ganham um destaque cada vez maior no cenário mundial devido a vantagens advindas de suas características de ensino e pluralização do conhecimento:

Gutierrez e Prieto (1994) apontam as seguintes vantagens da EAD:

• massividade espacial;
• menor custo por estudante;
• diversificação da população escolar;
• individualização da aprendizagem;
• quantidade sem perda da qualidade;
• autodisciplina de estudo.
Essas características apontam para a capacidade da EAD de superar limitações tanto de ordem geográfica quanto de recursos disponíveis e permitem, pelo menos, apresentar uma alternativa para a democratização do ensino. (CORRÊA, 2007)

Ademais, os estudos efetuados através da EAD representam, segundo CORRÊA (2007) ainda uma inovação no processo de educação formal porque:

• desenvolve-se a partir de um serviço de apoio, de modo que a aprendizagem possa ocorrer sem a presença do professor;
• possibilita uma conversação didática mediante a adoção de meios não-diretos de apresentação e comunicação;
• possibilita a instrução personalizada e métodos de trabalho industrializados; e
• favorece, através de sua organização e métodos, o estudo para o adulto, orientando sua formação de acordo com o mercado de trabalho. (CORRÊA, 2007)

Ao refletirmos sobre os aspectos citados, podemos perceber que esta modalidade foi escolhida para utilização no curso proposto porque é uma forma de estudo em que há, para os educandos envolvidos no processo de ensino, um aumento das possibilidades e responsabilidades de estudo, pois “A educação a distância (...) enfatizou a autonomia dos estudantes em relação à escolha de espaços e tempos para o estudo”. (LITWIN, 2007) o aluno passa a ser agente de seu processo educativo tendo em vista que:

Até o problema do tempo é superado, pois não é preciso parar de estudar logo aquele conteúdo que estava agradando só porque “bateu o sinal”: a navegação continua sempre que se desejar. Quando um assunto não interessa, é possível mudar a direção, em um percurso que é sempre pessoal. A EAD vem trazer a possibilidade de respeito aos ritmos de cada um. (RAMAL, 2007)

Desta forma o currículo escolar passa a ser movido pelo aluno, seus limites passam a inexistir e os saberes transitam de maneira mais livre e acessível:

A EAD, em especial pela internet, propõe o currículo sem limites. Saberes até então excluídos do ensino invadem a cabeça dos estudantes e, de forma transgressora, convidam os mesmos a fazer “links" e a ousar abrir janelas que trazem luzes inusitadas para os ambientes educativos. Em vez de grades, um currículo em rede, marcado pela metamorfose, pela hipertextualidade, pelo descentramento. Conteúdos que fazem mais sentido, que se relacionam com outras aprendizagens e que são acessados conforme a necessidade e o interesse de cada um. (RAMAL, 2007)

Não só o aluno, como indivíduo, mas os alunos, a turma o ambiente escolar é modificado, uma nova forma de relacionar-se com o conhecimento com as manifestações da inteligência e as informações.

Temos turmas flexíveis, grupos autônomos com suas listas de discussão e chats; comunidades virtuais que configuram o conceito de inteligência coletiva – uma inteligência distribuída por toda parte, “incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências” (Lévy, 1998). Parcerias, pesquisas cooperativas, groupwares que produzem conhecimento e trocam idéias são algumas das múltiplas possibilidades dessa modalidade educacional flexível, aberta e interativa. (RAMAL, 2007)

Porém, embora se transforme no principal agente responsável pelo seu caminho de conhecimento, “não se deve esquecer que nela [EAD ]selecionam-se os conteúdos, orienta-se o prosseguimento dos estudos e propõem-se atividades para que os estudantes resolvam os mais complexos ou os mais interessantes problemas. (LITWIN, 2007). Ou seja:

O ensino a distância abrange as formas de estudo que não são dirigidas e/ou controladas pela presença do professor na aula, ainda que se beneficiem do planejamento, guia e ensinamentos de professores-tutores, ou através de algum meio de comunicação social que permite a interação professor/aluno, sendo este último o exclusivo responsável pelo ritmo e realização de seus estudos (ZAMORA, 1981, apud GARCIA ARETIO, 1987, apud CORRÊA, 2007).

Neste contexto o professor deixa de ser visto como o único detentor do saber, passando a assumir um caráter mais voltado para o auxílio ao educando na sua trajetória de estudos. Ou seja, embora tenha características diferenciadas, tais como não ser mais o único detentor do conhecimento, do ritmo de ensino e da organização espaço-temporal do ensino o professor/tutor continua sendo um o responsável pelo planejamento, auxílio e motivação dos alunos dentro do processo de produção do conhecimento.

A produção de conhecimento implica um processo de ensino, que consiste em comunicação de informações, de conhecimentos. E, além disso, implica também um processo de aprendizagem, que consiste na apropriação – por parte dos alunos – de informações, conhecimentos, habilidades e atitudes. Esses processos ganham sentido na medida em que possuem relação com a realidade vivida, com o contexto cultural, com a existência social e pessoal. (CORRÊA, 2007)

Além da modificação do professor, temos o surgimento da figura do tutor, elemento que:

Do ponto de vista do ensino, os tutores concebem atividades complementares que favorecem o estudo de uma perspectiva mais ampla ou integradora, atendendo às situações e aos problemas particulares de cada aluno. Favorecem também o intercâmbio entre estudantes e formulam as propostas para esse fim. (LITWIN, 2007)

Quanto aos fatores motivacionais, temos no professor/tutor o principal agente do processo de reconhecimento de um grupo de estudantes virtuais como turma, de fomentar a sensação de pertencimento, pois:

Com a rede que interliga cidades e países, caem as fronteiras, mas paradoxalmente se afastam as pessoas: tanto o professor do aluno quanto os próprios estudantes, que às vezes sequer conhecem os colegas – o que faz com que se perca uma importante parcela de afetividade, presente em qualquer processo formativo. (Ramal, 2007)

Esta perda da afetividade acaba por influenciar no fator motivacional, elemento que mais precisa de atenção num curso em EAD, pois a interação é mediada através de um ambiente virtual de ensino, o que pode ocasionar um sentimento de solidão, de falta de amparo e, consequentemente, de falta de motivação. Para que esta perda de referencial não ocorra “Precisarão ser formados novos sentimentos de pertencimento através de processos que ainda não foram inventados.” (RAMAL, 2007)
Cabe ao professor/tutor manter-se atendo às manifestações (ou não) dos estudantes e entrar em contato para acompanhá-lo, às vezes, um simples e-mail ou telefone pode demonstrar ao aluno desmotivado que o docente se preocupa com ele e acabar por motivá-lo a continuar participando do curso. Outro fator que concorre para desmotivar os educandos é a demora em receber o retorno das avaliações feitas, pois sem elas o aluno sente-se largado e sem vontade de continuar efetuado-as. Cabe também ao professor/tutor manter o retorno das atividades em dia e preocupar-se em fazer com que as atividades avaliativas sejam momentos para auxílio e desafio na medida certa.

Estudar o desenvolvimento da educação a distância implica, fundamentalmente, identificar uma modalidade de ensino com características específicas, isto é, uma maneira particular de criar um espaço para gerar, promover e implementar situações em que os alunos aprendam. O traço distintivo da modalidade consiste na mediatização das relações entre os docentes e os alunos. Isso significa, de modo essencial, substituir a proposta de assistência regular à aula por uma nova proposta, na qual os docentes ensinam e os alunos aprendem mediante situações não-convencionais, ou seja, em espaços e tempos que não compartilham. (LITWIN, 2007)

Ainda tratando dos aspectos característicos da EAD de terceira geração, percebemos que o número de curso e entidades que oferecem esta forma de ensino tem aumentado, pois as modernas tecnologias possibilitaram que as atividades, conteúdos e materiais pudessem estar cada vez mais disponíveis e acessíveis num ambiente virtual. Porém, faz-se necessário refletirmos sobre alguns aspectos pertinentes ao meio de estudo, pois este “(...) não tem valor educativo em si mesmo: o significado pedagógico do meio – caderno de textos ou videoconferência – só será definido a partir de uma determinada proposta pedagógica.” (CORRÊA, 2007) Assim, com o advento das novas TICs as práticas em EAD puderam ser expandidas e um maior número pessoas teve acesso às mais diferentes informações, isso ocorre porque “As novas tecnologias têm também possibilitado a diminuição da distância entre os meios rural e urbano, através da utilização da tecnologia das fibras ópticas, que ampliam a difusão dos meios de comunicação de massa.” (CORRÊA, 2007). Outro aspecto relevante que não pode ser deixado de lado é que “Desconhecer a interferência da tecnologia, dos diferentes instrumentos tecnológicos, na vida cotidiana dos alunos, é retroceder a um ensino baseado na ficção”. (LEITE, 2007). Desta maneira ao pensarmos em tecnologia educacional devemos ter em mente que:

(...) a tecnologia educacional, aliada à Didática, deveria partir da compreensão das demandas para gerar propostas que assumam o sentido transformador da prática. Para isso, precisa recorrer à “tecnologia”, entendida na sua dimensão instrumental: desde o giz aos computadores de última geração; na sua dimensão simbólica: linguagem escrita e sistemas de pensamento; na sua dimensão conceitual, a informática, e, por fim, no seu sentido social. (LEITE, 2007)

Ou seja, embora “Na esfera educacional, [exista a] (...) ilusão de que melhores recursos tecnológicos são a garantia de melhor aprendizagem”. (CORRÊA, 2007) não podemos esquecer que “(...) as propostas de educação a distância caracterizam-se pela utilização de uma multiplicidade de recursos pedagógicos com o objetivo de facilitar a construção do conhecimento”. (LITWIN, 2007) desta forma, o que muda é o meio não as necessidades de planejamento e desenvolvimento inerentes a qualquer forma de ensino.

Hoje entendemos que o desenvolvimento atual da tecnologia favorece a criação e o enriquecimento das propostas na educação a distância na medida em que permite abordar de maneira ágil inúmeros tratamentos de temas, assim como gerar novas formas de aproximação entre docentes e alunos, e de alunos entre si. (LITWIN, 2007)

Assim, o que temos é uma inovação na forma de gerar os temas e as aproximações e não uma salvação para todos os problemas de ensino e “(...)que só uma posição crítica nos permite a utilização dos recursos tecnológicos como parte integrante do processo ensino-aprendizagem”. (CORRÊA, 2007), destaco, também, a opinião de LITWIN (2007) sobre a utilização dos meios tecnológicos:

Contudo, o mais importante é não perder de vista que a tecnologia mais moderna não garante a qualidade da proposta. Os materiais, sejam eles concebidos para uma página web ou para um livro, encerram desenvolvimentos de conteúdos; sua qualidade não está relacionada ao suporte, mas aos conteúdos que ali se desenvolveram e às atividades que possam geram uma boa aprendizagem.

A aprendizagem depende de vários elementos, dentre os “mais importantes são: interesse, necessidade, experiência, motivação”. (LINS, 2008). Quando pensamos na aprendizagem devemos levar em conta que a visão de aluno não mais é aquela da folha em branco, da “tabula rasa” esperando ser preenchida pelo professor, atualmente já se valoriza o conhecimento adquirido fora do ambiente de aulas, no mundo real, em que:

Todo conhecimento prévio que o aluno traz consigo, e que precisa ser considerado para que novas aprendizagens possam acontecer, é resultante da sua relação com os grupos e instituições sociais dos quais faz parte, incluindo-se aí os meios de comunicação. Toda leitura é apenas uma forma de interpretação do mundo. (LEITE, 2007)

Por isso, ao construir-se o material, as experiências e vivências de um curso (seja ele em EP ou EAD) deve-se observar que:

A apresentação do assunto, por melhor que seja, não basta em um material didático, é preciso mais: a exemplificação é indispensável porque facilita a compreensão dos temas. E, para fazerem sentido para os estudantes e fazer com que a assimilação do conteúdo se concretize, os exemplos citados devem-se calcar, na medida do possível, na realidade vivenciada pelos alunos. (LEITE; NEVES, 2007)

Pois bem, ao juntar EAD, LP e Surdez estamos aproveitando as possibilidades oferecidas pelas TICs e utilizando o meio digital-virtual, porque:

A Internet se constitui como a principal responsável pelo status atual concedido à educação a distância. Seus recursos ampliam as possibilidades de interação, abrindo para os programas a distância vias de comunicação antes inexploradas. (Marçal, 1999; apud LEITE; NEVES, 2007).

E, por fazer da vivência dos educandos pode servir como fator motivador para a aprendizagem da LP, assim, temos um contexto real de enunciação com seu pares em que os conhecimentos adquiridos ao longo do curso poderão ser utilizados. Valorizando e fomentando a motivação para que a comunicação se dê na L2 estudada:

A comunicação é condição básica do homem social. Ela se confunde com a própria vida e é o canal pelo qual os padrões culturais são transmitidos e possibilitam sua internalização e aprendizagem. É teórica e praticamente impossível dizer onde começam e terminam a comunicação e a aprendizagem. São processos multifacetados, que podem ocorrer simultaneamente e em vários níveis. (LEITE, 2007)

Além de que a escolha de modalidade está centrada a partir das características de mobilidade e comunicação que podem ser de grande auxilio para o atendimento às necessidades específicas do grupo a ser atendido “(...) pois as inovações(...) precisam estar contextualizadas de acordo com a cultura da instituição, as características de seus docentes e alunos, suas histórias, acertos e dificuldades. (LEITE, 2007).

Fonte: CORREIA, Mariana. O SILÊNCIO DAS PALAVRAS: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL EM LÍNGUA PORTUGUESA. Porto Alegre: SENAC, 2008.

Infográfico