quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A minha bronca há  um tempão é fazer com que a leitura seja uma realidade na vida das pessoas, não apenas a leitura fácil, gostosa e aventureira; mas a leitura difícil, clássica, “chata”, que te deixa pensado, horas acordado tentando decidir se era ou não uma barata, se traiu ou não, o que será que significam estes tais olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada que eu queria tanto ter, ou aquele mover-se pela vida como um saveiro. Queria a palavra bem-dita, a palavra maldita, a palavra incômoda que fere e desafia, a palavra-esfinge que apenas finge se entregar às interpretações. Entretanto, para não ser leitora sozinha perdida no meio das entrelinhas, era necessário criar mais de mim, mais pessoas para quem a leitura dobrou o cabo da Boa Esperança e se tornou não hábito, nem costume, muito menos apenas gozo e fruição, mas desafio pego de propósito, chamado pra si e por si, num caminho pessoal em que o leitor não mais necessitaria de mim para ser formado, formar-se-ia a si através do que eu havia ensinado. Assim nasceu minha sina de professora e aluna que ensina e aprende em meio às confusões das salas de aula, minha bronca não seria mais apenas minha, teria um sem-fim de leitores em formação.

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